sábado, março 18, 2017

Eu fico com a pureza... e a leveza!!

De tempos em tempos, vejo publicado em redes sociais aquelas imagens com diferentes fotos e os seguintes dizeres:

Como eu me vejo.
Como as pessoas me veem.
Como eu gostaria que fosse.
Como realmente é.

Sempre com fotos totalmente diferentes entre si. Como a teoria da faculdade x a realidade do contexto de trabalho. Planejamento de ser mãe x ser mãe. A expectativa deve ser muito balanceada e sempre ajustada à realidade. Nada fácil, não?!

Essa semana, fiquei quase que 100% ouvinte (100% não seria nada eu) numa conversa sobre "crianças x pais de hoje". Conversavam uma mãe de primeira viagem, uma mãe com seu segundo filho e uma jovem de seus 25 anos sem filhos. O assunto era como estavam sendo criadas as crianças de hoje e a culpa dos pais.
As mães comentavam que era complicado lidar com a TV e todas solicitações e frustrações que decorriam das propagandas. Uma falou que o filho de 7 anos estava muito decepcionado de não poder ir para a Disney com os primos e da diferença de comportamento entre os dois filhos. A outra disse que antes as crianças sabiam brincar e enfim, a mais jovem disse que os pais fazem filhos pra colocar na frente da televisão.

Fiquei observando e cheia de conversas dentro de mim: receitinha de bolo bem fácil essa, não?!

Partindo do princípio de que não nascemos prontos pra ser pais ou mães e de que bebes não vem com manuais, posso dizer que a maioria de nós se esforça pra ser o melhor pai e mãe que aprendeu a ser e que está buscando ser.
Grávida, fui a melhor mãe do mundo. Minha filha não assistiria televisão tão cedo; não comeria doces ou porcarias; não morderia nenhum amiguinho se eu não brincasse de morder enquanto fosse bebe; não iria se atirar no chão; iríamos conversar sobre o que está certo e errado e portanto não haveria brigas; ia dormir cedo; ia mamar exclusivamente no peito; ia comer todas frutas e verduras, pois me veria comendo; ia dormir desde pequena no seu quarto; não ia usar bico; ia fazer natação ainda bebe, pois auxiliaria no seu desenvolvimento... Ia e não ia tanta coisa. Tanta coisa que eu esperava de mim, que eu achava que era esperado de mim... E como realmente foi.

Algumas coisas consegui fazer e outras, a duras perdas de sono por culpa, não! Algumas independente  da época que vivemos não serão receitas de bolos. Talvez o que aconteça é que boa parte da minha geração de mães se questione bem mais que a geração dos meus pais.

Na conversa fiz minhas colocações também. Questionei sobre as possibilidades reais que tínhamos com as circunstâncias de trabalho e de segurança que temos hoje. Será que não podemos tentar viver as experiências dentro do que conseguimos e colocar essa culpa e exigência social no lixo?

Então hoje, recebo uma lista de perguntas sobre a vida da Antonella. Pra uma pessoa  questionadora como eu, cada pergunta feita são outras 10 na minha cabeça.
Mas vou colocar duas aqui que realmente mexeram comigo:
- Com quem a criança permanece a maior parte do tempo?
- Sobe em árvores e muros?

🤔🤔🤔🤔🤔🤔

Imagino que a primeira pergunta parte do pressuposto de quem da família fica mais tempo com ela. Pois então companheiro, preto no branco, o que temos para o momento é que ela fica a maior parte do tempo na escola desde seus 8 meses de vida!
Fiquei pensando se aquela jovem diria agora que eu estou delegando a minha filha a terceiros. Devo estar, né?! Queria? Não.
Se eu me martirizo por isso? Já fiz muito mea culpa entre o planejado na gravidez e o executado. Acho que tivemos muitas perdas por isso, mas tenho que contabiliazar os ganhos também. É necessário ver o lado positivo pra encarar a realidade não planejada. Conclusão dessa etapa? Escolher uma escola que a acolha e lhe dê espaço para seu desenvolvimento emocional.

Fiquei um bom tempo pensando na segunda pergunta. Ouvi grilos. Pensei mais um pouco. Grilos de novo. Lembrei da minha infância na casa da minha avó, na casa da praia. É eu subi bastante em muros. Árvores, deixei a desejar.
- Antonella, você já subiu em algum muro ou árvore?
- Mãe, lembra que já subi uma vez naquela árvore lá embaixo?
- Ahhh simm!

Ufa! Respondi: quando teve oportunidade!

Caramba!!!! Estamos nos restringindo nas possibilidades. Infelizmente nessa segunda parte, com (de novo) uma exigência social e, obviamente minha também, por querer fazer mais isso, não estamos conseguindo explorar nosso máximo. Não em Porto Alegre. Não em uma cidade falida num caos de segurança que me faz dizer pra minha filha sair correndo do carro sem apreciar a caminhada independente com sua mochila até a porta da escola. (Mas esse assunto de segurança X crianças, deixarei para um outro post).

Então, não! Não escolhemos simplesmente que passarão a maior parte do tempo na escola ou na "segurança" de dentro de casa. Porém, estamos tentando fazer nosso melhor com as possibilidades que temos.

E como diria a música: "Eu fico com a pureza da resposta das crianças..."
Com esse termômetro que vamos ajustando nossos acertos e erros.

Definitivamente ficaremos com a LEVEZA do seu sorriso, seja em muros, árvores, ruas, piscinas, salas ou quartos.

;)

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